O Edifício Caiçara, inaugurado em 1960, foi o primeiro grande arranha-céu de São Luís, e o primeiro prédio de apartamentos em moldes modernos que a cidade teve, no pensamento de que "o antigo devia dar lugar ao novo"; poucos naquele tempo tinham a consciência de que o nosso patrimônio arquitetônico era um tesouro a ser preservado, pensamento somente adotado muitos anos mais tarde. O imponente edifício tomou o lugar da modesta e popular Igreja da Conceição, construída no final do séc. XVIII, e era um divisor de águas do Caminho Grande, via que ligava o centro aos subúrbios – parte dele se converteu na artéria comercial que seria conhecida como Rua Grande – e, devido ao fato do templo ser demolido para dar lugar a algo "profano", começaram a correr lendas de que o prédio nascera malfadado; uns diziam que o último pároco, inconformado, amaldiçoara a obra, dizendo que nenhum vivente que morasse ali teria paz; outros que a Igreja, não tendo sido desconsagrada na sua demolição, originara igual desdita para o prédio; a ocorrência de suicídios no local apenas contribuiu para aumentar ainda mais a aura de "amaldiçoado e mal assombrado", que o prédio possuía, hoje, o edifício ainda impressiona pelo tamanho, imponente sobre os velhos sobrados e a Igreja de Santaninha, sobrevivente dessa enxurrada de modernidade, que bravamente ainda resiste ao tempo, no meio das especulações e mudanças da cidade.
Como todo lugar, o Caiçara tem as suas histórias e seus casos, cada um nos levando a uma direção; entrando nesse mundo tão misterioso, onde nossa imaginação poderia nos levar?
Cabe ao leitor decidir...